quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Desimportância, assuma.



Uso a palavra para compor meus silêncios. Não gosto das palavras fatigadas de informar. Dou mais respeito às que vivem de barriga no chão, tipo água, pedra, sapo. Entendo bem o sotaque das águas.
Dou respeito às coisas desimportantes e aos seres desimportantes. Prezo insetos mais que aviões. Prezo a velocidade das tartarugas mais que a dos mísseis. Tenho em mim esse atraso de nascença. Eu fui aparelhado para gostar de passarinhos. Tenho abundância de ser feliz por isso. Meu quintal é maior do que o mundo.

Sou um apanhador de desperdícios: amo os restos, como as boas moscas. Queria que a minha voz tivesse um formato de canto. Porque eu não sou da somente da informática: sou da invencionática? Só uso a palavra para compor meus silêncios.?

Manoel de Barros

Fiquem com Jah!

2 comentários:

  1. Adorei o texto. Muito bom! Estou seguindo

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  2. Oi Linda, poxa fico tão feliz que tenhas gostado, este texto não é meu, é lindo né? Fico grata.

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